segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Indicadores Sociais para as Regiões Metropolitanas Brasileiras: onde está Porto Alegre?

É desnecessário explicar a importância que os estudos urbanos e das metrópoles têm para a compreensão do desenvolvimento regional. Apenas para ilustrar, no final dos anos 2000 a Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) detinha cerca de 35% da população do Estado e era responsável por mais de 40% do Valor Adicionado Total do RS (FEEDADOS). 

Mais uma vez, a nossa colega Rosetta Mammarella contribui com importantes informações do âmbito do Observatório das Metrópoles. Os indicadores sociais são um importante instrumento para a avaliação da situação sócio-econômica das regiões, fazendo a “ligação entre um fenômeno social empiricamente explorado e as teorias”.

A construção de indicadores para o período de 2001 a 2009 nas Metrópoles brasileiras é um trabalho realizado por uma equipe no âmbito do Observatório, com “o foco no conhecimento da estrutura de posições sociais” nestas regiões. Os dados utilizados são os da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, que desde 1967 é utilizada por pesquisadores que investigam o quadro demográfico e sócio-econômico do país. 

Dentre os resultados encontrados, alguns são interessantes destacar:
  1. Entre as 10 Regiões Metropolitanas estudadas (Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Brasília), Porto Alegre é a que possui menor taxa de analfabetismo, desde 2001, tendo caído de 2,7% para 2,0% das pessoas com mais de 15 anos no seu núcleo. Na periferia, a RMPA apresentava uma taxa de 5,1% em 2001, caindo para 3,6 em 2009. Fortaleza, com quase 15% da taxa de analfabetismo na sua periferia é a Metrópole com os dados mais preocupantes;
  2. Ao longo do período, a RMPA também apresentou uma das menores taxas de desemprego, perdendo apenas para Curitiba. Houve uma queda em torno de 2 pontos percentuais na região gaúcha no período, que hoje possui em torno de 7,5% de desempregados no universo dos ocupados e que procuram trabalho (segundo critérios do definidos pelo IBGE);
  3. Outro dado interessante é o que se refere à renda total: a preços de 2009, Porto Alegre e Brasília lideram o ranking, com uma renda média em torno de $2000. O número é pouco superior a RJ e SP, embora a variabilidade (desvio padrão) nestes dois centros seja muito superior. Mais uma vez, é assustador que centros como Belém, Fortaleza e Salvador tenham médias quase que 50% inferiores;
  4. Os dados são particularmente alarmantes no Norte e Nordeste do país, pois se considerarmos a proporção de pessoas sem “proteção social” (definidas como o percentual de trabalhadores com carteira assinada, ou que contribuem para a previdência, mais militares e estatutários sobre o total de ocupados) estas regiões apresentam números entre 40% e 52% em 2009, contra 27% a 30% nos centros do Sul e Sudeste.
Muitos outros resultados podem ser encontrados no estudo completo, trazendo importantes insights para a compreensão dos fenômenos regionais e urbanos do Brasil nesta primeira década do século XXI.

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