Renda familiar: multiplicidade de origens e diferenças regionais
Guilherme G. de F. Xavier Sobrinho (FEE/CEES)
Sucessivos indicadores apontam considerável redução da miséria no país e atenuação da histórica desigualdade de renda. Destaca-se, apropriadamente, o papel que o mercado de trabalho desempenha nesse sentido: entre 2004 e 2008, de acordo com a RAIS-MTE, o número de assalariados formais cresceu 25,6%; sua massa salarial, nada menos do que 36,5%.
Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), o trabalho é responsável por 61,1% da renda familiar. Por certo, os quase 40% restantes também merecem atenção. Ademais, a composição das rendas familiares diferencia-se bastante no espaço nacional.
Dentre as regiões metropolitanas (RMs), a participação dos rendimentos do trabalho tem um arco de variação de 10 p.p. – de 58,2%, na RM de Recife, a 68,2% em Salvador. Os rendimentos não-monetários alcançam sua maior expressão na Grande Belém (13,2%), seguida de perto por São Paulo (12,7%), recuando até os 9,7% da RM baiana. A variação patrimonial tem maior expressão nas RMs de Porto Alegre e do Rio de Janeiro (mais de 6% das receitas das famílias), enquanto, nas metrópoles do Nordeste e do Norte, fica abaixo dos 3%. Inversamente, é nessas RMs que os programas sociais federais têm suas maiores participações – entre 0,5% e 1,8%, contra 0,1% a 0,2% no Sul e no Sudeste. As parcelas das aposentadorias e pensões do INSS e da previdência pública têm expressiva amplitude de variação entre as RMs.
Reforçando a importância de se investigarem as particularidades regionais, os dados demonstram que, a par do caráter determinante da dinâmica do mercado de trabalho, a renda das famílias tem outros esteios decisivos – privados e públicos, mercantis e não-mercantis.
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